16 março, 2011

A proposito do artigo q referi aqui ontem...

...o meu amigo J. fez o seguinte comentário na página do Destak:

Estou totalmente de acordo com a autora. Tive a sorte de entrar no mercado de trabalho numa época de crescimento económico, onde um curso superior de engenharia ou economia de uma boa faculdade (oficial ou privada) garantia à partida um emprego estável e remunerado acima da média. Ainda assim, na altura já se falava da falta de mercado para os licenciados numa enorme quantidade de cursos e estava-se no início do trabalho de “call center”, que na altura era um salva vidas para muitos estudantes de licenciatura (e não licenciados).



Passados mais de 10 anos, assisto a que os cursos com poucas saídas profissionais há uns anos continuam a ter um enorme número de alunos inscritos. Se a responsabilidade de tal decisão não é daqueles que se candidatam e dos pais... e não é por falta de referência ao assunto todos os anos na imprensa onde vez após se referem os problemas do desemprego entre os jovens recém-licenciados. Infelizmente, o hábito de ver diariamente as notícias ou de ler um jornal (generalista) parece ter desaparecido para muitos dos que pertencem às gerações mais jovens. Pior ainda, mais do que nunca muitos dos que terminam um curso superior não são capazes de compreender um texto que seja mais complexo, o que limita a produtividade e diminui a capacidade de competir com outros jovens no mercado de trabalho europeu ou mesmo global, mas já lá vamos.


O problema de fundo é o facto de continuar a existir um autismo face à realidade laboral em que estamos. Se todos os que estão a pensar em ingressar numa faculdade olhassem para os índices de empregabilidade do curso e para a reputação da universidade a que se querem candidatar, talvez o cenário actual fosse diferente. Talvez se todos aqueles que se manifestam tivessem optado por um curso superior de engenharia informática não estaríamos nesta situação e teriam todo emprego cá... ou na Alemanha. Mas o facilitismo ou o sonho romântico de enveredar pelo curso de que se gosta sem a mínima preocupação com a realidade acaba por levar a melhor, especialmente se existir o devaneio de pensar que a sociedade deve alguma coisa a alguém. Talvez me deva a mim e a todos aqueles que cada mês descontam valores impensáveis para um Estado que pouco dá e para uma reforma que nunca teremos. É preciso assumir definitivamente que se queremos um trabalho bem pago e progressão profissional futura, é necessário: 1) possuir as habilitações e habilidades adequadas para as necessidades do mercado e reciclá-las com regularmente e 2) esquecer a variável geográfica e pensar que o mercado laboral já não é Portugal, mas sim o Mundo. Para evoluir é preciso fazer sacrifícios, apostando numa formação contínua que nos permita desempenhar funções com a flexibilidade que o mercado laboral nos exige, e isso poucos estão disponíveis para fazer, especialmente se não for no bairro onde vive.


Até pode ser uma geração à rasca, se tirarmos os inúmeros iphones que vi na manifestação, as voltas com os carros dos pais ou as playstations. Mas se calhar à rasca, esteve a geração do meu pai, entre momentos de fome na infância e a Guerra do Ultramar quando eram pouco mais que jovens.
 
Não podia concordar mais contigo, amigo!!!

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